10 de nov. de 2013

DESEJO NOTURNO – PARTE 3

Comentando a discografia da banda finlandesa Nightwish.



       Primeiro disco do Nightwish que adquiri e terceiro na carreira da banda, Wishmaster é um clássico total pra quem gosta do estilo. Quem não se empolgar ouvindo as 3 primeiras faixas ou a sexta, que dá nome ao disco, nunca vai gostar de Nightwish, pois a essência da banda concentra-se nestas músicas. Melodia, peso aliviado pela voz lírica; e batida rápida, além de letras interessantes, pra quem se aprofunda um pouco mais. A capa também é muito bonita com elementos presentes em várias músicas e capas anteriores, como o menino, o cisne e o oceano. Vejam:





            Logo no começo, temos uma bela surpresa, com She Is My Sin (Ela É Meu Pecado), com uma batida forte com as paradinhas complexas recorrentes do metal melódico, sempre com um efeito legal do teclado. O ritmo não é muito acelerado, e a letra fala de luxúria e paixão. A segunda música se chama The Kinslayer, cujo nome provém de um livro de RPG (Dragonlance: The Kinslayer Wars), e significa algo como “Aquele que mata os da própria raça/família”. Tem um começo parecido com a primeira música, porém mais complexo. É uma das mais pesadas e rápidas do disco, e o destaque vai para a maneira de Tarja cantar digamos, silabado, como um fôlego curto, as palavras mais longas são pronunciadas aos poucos. A letra deve ser inspirada nos jogos do livro de RPG, falam de um mundo sem esperança, e uma criatura que vem destruir a todos. Era música obrigatória do repertório da banda na época de Tarja. Muito boa. Há um clipe desta música ao vivo em Buenos Aires.
            Come Cover Me (Venha Me Cobrir) é um rock romântico, com uma levada mais suave, mas não parada. Os efeitos do teclado dão, como sempre, clima e sonoridade diferentes, misturando o antigo e o moderno. Há uma verdade universal num dos versos, que diz: O tempo devora a beleza da paixão. Bela canção. Wanderlust (Sede de Aventura) é a música seguinte, começa bem pesada e rápida depois vai diminuindo, terminando com um coral de vozes sobrepostas.  Fala de desbravar a natureza, paisagens e liberdade, mas traduzir essas letras de outra cultura é difícil. Tem um verso assim: See the mirrors of a wolf... Como traduzir isso? A palavra mirror, em inglês, pode significar espelho, molde, modelo, reflexo e otras cositas más.
            Two For Tragedy (Tragédia Para Dois) dá uma quebrada no ritmo do álbum, é bem parada, mas não é romântica, apenas melancólica. Assim como diz o título, a letra fala de um filho doente à beira da morte, um clima de velório e uma mãe cuidadosa.  Mas essa tristeza toda acaba quando a canção-título do álbum, Wishmaster (Mestre dos Desejos) entra rompendo o tímpano. Vocais operísticos dobrados, batida e teclados acelerados, solos alucinantes e refrão épico, esse heavy clássico virou marca da banda e se firmou como um de seus maiores sucessos. Claro que depois de uns meses não se agüenta mais ouvi-la graças à repetição excessiva do refrão, mas tudo bem. A letra fala de um mundo fantasioso tipo “O Senhor dos Anéis” e alguns personagens que, admito, não conheço, como o Aprendiz, Shalafi, Sla-Mori, Silvara, Lorien e Heartborne e lugares como Refúgios Cinzentos.
            A sétima faixa é boa, mas claro que não chega aos pés de uns clássicos como as 3 primeiras e a música-título e também tem um nome de tradução duvidosa: Bare Grace Misery (Miséria Despida de Graça). Tem um ritmo leve, quase romântico, e fala de uma mulher Lasciva, que seduz, talvez uma prostituta. Destaque para o verso: Não há padre que reze de maneira que eu vá para o céu (Safadinha, não?). Na música seguinte, Crownless (Descoroado), o peso e a rapidez retornam com força total, uma das mais rápidas junto com Wishmaster e The Kinslayer, esta com refrão mais clássico. Haja ouvido pra essa música, destaque para os solos de guitarra e teclado, sendo que este permeia fantasticamente 95.2% da canção, não parando quase nunca. A letra fala de um ex-rei e uma ex-rainha, de aventura e elementos medievais.
            Deep Silent Complete (O Completo e Profundo Silêncio) é uma bela canção no estilo Come Cover Me, calma mas não parada, a voz fica às vezes sozinha cantando a letra ou cantarolando num coralzinho pegajoso. É um poema que fala sobre... bah, sei lá, é confuso! Morte, paraíso, maldição e o mar, além da presença da metalinguagem.
Até há algum tempo considerada pelos membros da banda sua obra-prima, Dead Boy’s Poem (O Poema do Garoto Morto) é uma balada épica (mas não muito longa, o que é bom) com uma melodia belíssima, com direito a um final em ritmo crescente, vocais dobrados e bateria com “rolos” técnicos lentos e mirabolantes, meio tribal, difícil de explicar. A letra é um belo poema sobre a alma envergonhada de um garoto, aliviada por ter morrido, tentando confortar a família, pelo menos nas partes que o garoto narra. As outras estrofes são versos sobre tristeza. A vida é comparada a uma canção, e o músico/compositor, um médium.
A penúltima canção da versão que tenho deste disco e última da versão oficial, FantasMic (algo como “Fantásmico”) começa bem pesada e lenta, num clima de mistério, o refrão é bem épico e operístico, tem umas partes bem calmas e paradas e no final a velocidade e o peso tomam conta novamente para fechar a canção. Mais uma vez fala de reinos fictícios e o mundo da fantasia, dragões e um personagem chamado Yen Sid. O texto se divide em 3 partes,  e cita o Mestre dos Desejos. Destaque para a terceira parte, que começa com o som de flautas. Fechando o álbum, Sleeping Sun (Sol Dormente ou Adormecido – o sentido é o sol na hora de se pôr) é uma balada bem calma e bela, suaaave.  Devagar quase parando, mas boa para dormir, hehe. Fala de amor, desejo e belas paisagens. Essa música aparece como bônus em algumas versões do Oceanborn ou em CD’s de singles. Tem um belo clipe, com Tarja sozinha em lugares paradisíacos, ainda na fase “cheinha”, mas muito bonita. Em 2005 a banda regravou essa canção, com a voz de Tarja não tão lírica, e também fez outro videoclipe, com uma superprodução de final de batalha nas cruzadas. Prefiro a original.



Wishmaster fez o Nightwish aparecer no mundo todo, e com mérito, pois a produção é de altíssima qualidade e o que se ouve neste disco só pode ser definido como metal melódico (com vocais líricos femininos, o que é melhor ainda). É tecnicamente perfeito. Parabéns a Tuomas Holopainen por esta obra. E foi na turnê de divulgação deste álbum que Nightwish veio ao Brasil pela primeira vez.  
 

25 de out. de 2013

DESEJO NOTURNO - Parte 2



      Dando continuidade a meus comentários e impressões sobre a discografia do Nightwish, falo do segundo álbum da banda, Oceanborn. Mistério e melancolia permeiam todas as canções. O título significa algo como “Nascido(a) do Oceano”, e este termo aparece na terceira música, e é um tipo de anticristo, talvez a Besta citada no capítulo Apocalipse, da Bíblia. O oceano é um elemento recorrente nas letras de todos os discos, pois tem uma grande importância para a Finlândia, país de origem dos integrantes.



         Este disco tem uma influência maior de bandas como o Stratovarius em sua sonoridade, principalmente na bateria acelerada em várias músicas, mas ainda mantém suas características principais: os vocais operísticos e o teclado abundante e com vários tipos de efeitos, do piano à flauta. O compositor e poeta Tuomas (teclados) é bastante inspirado em trilhas sonoras de filmes, para criar os “climas” das canções.
          O disco abre com Stargazers (Observadores de estrelas), abusando dos teclados na introdução e mantendo um aspecto sonoro de tragédia, como cenas de ação num filme de suspense. A letra é um drama/ficção espacial sobre a origem da vida. Em seguida uma de minhas músicas preferidas da banda, Gethsemane (é o nome do lugar onde Cristo foi capturado pelos judeus) tem uma sonoridade bem dramática sem deixar de lado o peso da guitarra, uma balada épica cuja letra mescla elementos religiosos e românticos em versos belíssimos como este: “Sem você/A poesia dentro de mim está morta”. Tem um vídeo no Youtube da banda tocando essa música num programa de televisão, vale a pena conferir.
              Terceira música de Oceanborn, Devil & The Deep Dark Ocean (O Demônio e o Oceano Escuro e Profundo) é bem pesada e rápida, e conta com a gutural voz masculina de um amigo da banda, um gordo que aparece no 1º DVD (From Wishes To Eternity – Live) revezando as estrofes com Tarja. A letra é um mau presságio sobre o surgimento do anticristo e sua ruína através de seu amor por uma virgem. Apenas os últimos versos falam de esperança. Sacrament Of Wilderness - que pode ser traduzido como Sacramento da Selva (ou da Selvageria ou da Natureza) – tem uma batida rápida, mas levada pelo piano e a voz, fica mais leve enquanto fala da paixão por caçadas e o desbravar da natureza numa terra mágica. É a única música do disco a ganhar videoclipe oficial, com Tarja mais uma vez pagando mico com o visual bem estranho, cabelo curto com umas folhas secas enfeitando o cabelo. Os outros integrantes todos com cabelo curto também são de estranhar, hehe.
            A próxima canção, Passion & The Opera (A Paixão e a Ópera), tem uma levada romântica dos teclados sem ser uma balada típica, e fala sobre sedução. Destaque para os vocais, os “gritinhos” de ópera que vão sumindo aos poucos junto com a música. Em seguida vem uma música bem calma, Swanheart (Coração de Cisne), um bonito poema falando de fé e encantamento nas pessoas.
            Moondance (Dança da Lua) é uma música instrumental com característica folclórica, lembrando musiquinhas da Oktoberfest, com direito a paradinhas para palmas e o típico “Hey Hey”, sem deixar nunca de lado o heavy metal, lógico. Tem partes agitadas e outra mais calma. A oitava música, com ritmo mais pop, quase “dançante”, The Riddler (algo como “O Senhor das Charadas”) foi a primeira da banda que ouvi e que me chamou a atenção principalmente para a voz de Tarja, vinha num CD que era uma coletânea de metal daquelas de revistas de rock que o Janderson tinha (ainda tem, acho). A letra fala de várias charadas, numa conversa com o desafiador do título.
            Penúltima canção, The Pharaoh Sails To Orion (O Faráo navega para Órion) começa com uma citação da Bíblia (Êxodo 10,28) e fala de deuses egípcios e profecias de ascensão deles às estrelas. Vocais masculinos guturais novamente revezando com Tarja, e na parte final, quando assume sozinha os vocais operísticos, a música torna-se um épico sonoro, transbordando de energia com solos de teclado e guitarra e a bateria rápida, num final emocionante. O álbum finda com Walking In The Air (Caminhando no Ar), outra canção romântica, que fica pesadinha no final, e cuja letra é também um belo poema sobre o sentimento e a fantasia de flutuar como num sonho.
            Simplesmente uma pérola do Metal Melódico este Oceanborn, e que felizmente ainda foi superado pela próxima obra a ser comentada aqui, no próximo capítulo. 

Capa alternativa, que eu tenho:

2 de out. de 2013

Revertério Origens 2 - O 1º Show

             Em novembro de 1999 a banda Revertério fez sua estreia no extinto estabelecimento Pizza Blue na praia do Hermenegildo. Na ocasião, época geralmente ainda deserta de veranistas, acontecia um campeonato de surf. Como éramos a principal (e única) atração, preparamos um repertório caprichado com todas as músicas que costumávamos ensaiar, inclusive as 15 do nosso cd gravado "ao vivo no estúdio" em Pelotas. Algumas bem capengas, nem a letra eu sabia (nunca mais faço isso), mas e dai?
       Pelo menos nós nos divertimos muito e a galera agitou bastante, todos bem compreensivos com uma apresentação de primeira mão e segunda categoria, hehe.

              Taí a foto by Daniel Sanes, na frente do estabelecimento:

 
Diogo Sanes, Cássius Rodrigues, Thiago Rodrigues e Guilherme Castro
           
            Eis o nosso set list, o repertório da Revertério (chamado repertério) - as 4 primeiras são de nossa autoria:



 e ainda: 26 – Stand (Borp's – minha antiga banda imaginária cujas músicas tinham, no máximo, 10 segundos)


Comentários no antigo blog:



23/04/2009 13:33       
        [Ico]
Infelizmente não cheguei a presenciar nenhum show de vocês, mas tendo "Sole Survivor", "You Shook Me All Night Long", "Children Of The Grave" e "The Trooper" no set list é garantia de sucesso. O Goia não tocava também?
 
        [Daniel]
Bah, ñ sou integrante ou ex-integrante, mas quero meus créditos: 1) a foto aí é de minha autoria. 2) Eu cantei "Polícia" tb!







 
19/04/2009 21:30       
        [fernanda] [fvargasrodrigues@gmail.com]
Eu estava lá! Início de namoro... sabe como é... rsrsrsrsrsrsr (e nos ensaios ao lado do Kacius - o que mais me dava atenção hehehehheeheh)



 [Cássius] :
Ico,o Goia entrou depois. Era brincadeira, Dani, se quiser, posto aqui, hehe. Nem lembrava que o Dani assistiu esse show, desculpa. Fernanda: os outros tinham que afinar ou arrumar os instrumentos, eu nem adiantava tentar afinar avoz, hehe.
19/04/2009 21:38 


19/04/2009 07:36       
        [Rato]
Massa a REVERTERIO hein!! Muita qualidade!!! Sem ser puxa-saco, mas nao durou pq os integrantes precisavam dentre outras coisas SOBREVIVER, além da banda. Ensaiei Soul Asylum também, e a rabo de peixe animal seguia desconcertandoooo!!! PS: nao da bola que to escrevendo bebaço! Abraço!

17/04/2009 23:03       
        [Thiago]
Tás sendo generoso:era 1 caixa de um som antigo do Pedrinho Calvete pra ligar guitarra, baixo e vocal que servia de frente e retorno. O Dadá emprestou outra mas ñ funcionou. 

 Taí a folha que usávamos pra nos orientar, a prova do crime:




27 de set. de 2013

Caderno de Cultura Pop - CRIAÇÃO DE UM MITO



Olhando em retrospectiva, é fácil ver como foram criados os mitos dos valentões do cinema de ação dos anos 80 e 90. Digo isso porque andei revendo o filme Comando Para Matar, com Arnold Schwarzenegger. 



            Nesse clássico, Arnold é John Matrix, ex-comandante de um pelotão de guerra que não quer saber de mais missões e blá-blá-blá, num clichê total, que nem o Rambo do Stallone (até o nome John).
            Tudo bem, o Rambo era mais solitário, não tinha filha e era mais traumatizado, o que lhe dava mais profundidade. Aliás, eu sempre gostei mais do Stallone que do Schuazeca, embora Hollywood prefira o ex-governador da Califórnia e digam que ele atua e o Sylvester não (bom, ele é político, provou que atua mais mesmo).
            O intérprete de Conan variou mais seus papéis, fez mais comédias e ...acho que só. Filmezinhos simpáticos como Irmãos Gêmeos e Um Tira no Jardim de Infância e alguns onde as situações beiravam as frias de 007. Em True Lies ele usava um smoking por baixo da roupa de mergulho, que nem o Bond. Ele ganha pontos com Predador e Exterminador do Futuro (o 2 com certeza é um dos melhores filmes de ação e ficção que existe).
O Stallone fez papéis mais dramáticos, mesmo porque tem paralisia facial e não consegue sorrir, eu acho. Mas cito vários filmes com o Stallone que me marcaram, além do Rambo: os Rockys, O Juiz (que comprei o DVD), Daylight, Risco Total, Cobra, Falcão – O Campeão dos Campeões (a clássica frase “ser o segundo fede” marcou a gurizada, inclusive o Igor Martinez; e um conhecido uma vez virou o boné pra trás que nem o Lincoln Falcão antes de começar uma briga na saída da minha escola), além de Condenação Brutal (este é animal). Podem discordar à vontade, eu apenas prefiro os filmes dele (e admitam, Rambo II é ducara...).



 Voltando ao assunto do título, olhando Comando Para Matar, os absurdos que criaram o mito de fortão e invencível estão lá: Arnold carrega uma tora de madeira não tão grossa, olhando atentamente, mas de 5 metros num braço e a motosserra no outro. Em outra cena ele arranca o banco de um carro esporte sem esforço nenhum. Depois, na cena do shopping, levanta e vira uma cabine telefônica com um cara dentro, se livra de uns dez caras que estavam em cima dele com um empurrão. Os seguranças descrevem ele como um gigante de 2 metros de altura, mas quando chegam perto são todos do mesmo tamanho. Em seguida ele puxa com as mãos uma corrente com cadeado que trancava um portão e a corrente quebra. Depois, claro, pega uma M-60 e mata uns 140 inimigos sem levar um tiro. Na cena final arranca com as mãos um cano de ferro muito grosso e joga no inimigo, atravessando-o.
Assim, com exageros desse timbre, que são aceitáveis quando ele interpreta o T-101 da série Exterminador do Futuro, ele começou a se tornar o cara super-forte do cinema. Na época colava. Hoje o público não engole. E talvez por isso nunca mais surgiram heróis de filmes de ação como daquela safra de filmes 80-90, que contavam ainda com Chuck Norris (que depois do Texas Ranger desapareceu, a não ser pela lenda de feitos atribuídos a ele), Dolph Lundgren,Van Damme e Steven Seagal (estes três seguem fazendo filmes sem parar, mas são intragáveis). Cheguei a pensar que The Rock iria se destacar depois de Bem-vindo a Selva e Com as Próprias Mãos, mas não deu em nada...é muito canastrão até comparado a Arnold e Sylvester. Pelo menos o Bruce Willis, mais jovem, que começou em A Gata e o Rato, ainda salva a turma e o estilo. Duro de Matar 4.0 é massa, mesmo com as frias.Pelo menos ele s estão fazendo filmes juntos agora, como Os Mercenários - que é bem divertido até.
São outras épocas, os astros de ação não se firmam mais, e nem pegam o mesmo tipo de papel seguidamente com medo de, desculpe o trocadilho, queimar o filme.
Essa nostalgia é uma doença...  


[Este é um artigo  pseudo-jornalístico, informal e totalmente parcial.]