11 de abr. de 2012

A SAGA DE ROCKY


           Mais uma vez este nostálgico blogueiro traz à tona reminiscências de uma época saudosa, e relembra os filmes que marcaram a época de minha infância. Desta vez comento a série Rocky, de Sylvester Stallone, que escreveu o roteiro de toda a série e dirigiu as partes 2, 3, 4 e 6.
            Andei revendo os 5 primeiros filmes da série e em breve vou assistir novamente o último capítulo, Rocky Balboa. Esta é uma série que vale a pena adquirir.



            No ótimo Rocky, Um Lutador, ganhador do Oscar de melhor filme de 1976, vemos um personagem pobre, que ganha uns trocados com lutas de boxe nada profissionais (regras não eram respeitadas) e também fazia cobranças para um agiota, agindo com violência. Por saber disso, Mickey, dono do ginásio onde Rocky treinava, o expulsa. Seu amigo Paulie apresenta Rocky a sua irmã Adrian, tímida e empregada numa loja de animais de estimação, e passam a namorar. Eis que surge Apollo Creed (Doutrinador, na dublagem brasileira), campeão mundial dos pesos pesados que iria fazer uma luta na Filadélfia (lar de Balboa) em pleno réveillon,  mas seu adversário adoece e numa jogada de marketing, ele decide dar chance a um desconhecido, para mostrar o espírito de oportunidade da América. Apollo pessoalmente escolhe seu adversário pelo apelido: Garanhão Italiano (Stallion – que remete ao nome de Stallone). Mickey procura Rocky dizendo que essa é uma oportunidade para os dois, que tem muito a ensinar, mas Rocky, magoado, o renega primeiramente, depois aceita.
Como em quase todos os filmes da série, é impossível não se empolgar com o treinamento de Rocky, embalado pela música clássica do filme: Gonna Fly Now. Dá vontade de sair correndo pelas ruas e se exercitar como ele. E a cena onde ele “bebe” cinco ovos crus? Bah! O filme, que eu classifico como um drama com ação, tem um final coerente, pois Apollo vence por pontos e Balboa consegue seu objetivo, que era mostrar que não era um lutadorzinho qualquer e que tinha algum valor na vida, que não era um perdedor, que agüentava até o último round e é claro, ganhar algum dinheiro.
            Rocky II – A Revanche (1979), começa do ponto onde termina o primeiro filme. Rocky pergunta no hospital se Apollo deu tudo de si na luta. Ele diz que sim e Rocky se orgulha de si mesmo, casa com Adrian, compra casa, carro, tenta fazer uns comerciais, mas não sabendo ler direito, não dá certo. O Garanhão Italiano tenta outros empregos em escritórios, quer ganhar a vida sentado, mas nada consegue a não ser trabalho braçal num açougue, de onde é logo demitido por necessidade da empresa. Para não depender do salário da mulher, que está grávida, Rocky aceita uma revanche com Apollo, que disse ao final da primeira luta que não haveria revanche, mas foi rechaçado pelos fãs, que diziam que Rocky merecia ter vencido e desde então pressionava Rocky. Rocky procura Mickey, que diz que ele vai ser massacrado pois perdeu parte da visão na 1ª luta. Adrian inicialmente não quer que Rocky lute, e fica em coma com o nascimento prematuro do filho depois de uma discussão com Paulie. Ao acordar, porém, dá seu apoio ao marido, que é canhoto mas treina com Mickey e aprende a usar o braço direito e ficar imprevisível. Numa luta empolgante, ele cai junto com Apollo no 15º round mas, ao contrário dele, consegue levantar a tempo e fica com o título. Mais um filme excepcional.



            Rocky III – O Desafio Supremo, de 1983, é um típico filme caça-níquel, mais previsível que os anteriores e com uma fórmula infalível, mas bom mesmo assim. Rocky tornou-se celebridade, aparecendo em programas de televisão e comerciais de todo tipo (nisso o filme é estranho, pois o cara não conseguia ler direito no outro filme e por isso não deu certo), ganhou várias lutas. Faz também uma luta ridícula de demonstração com o campeão de luta livre Thunderlips (Hulk Hogan). Ele fala em se aposentar, mas é insultado por um lutador pobre com cara de mau (Mr. T), que o desafia e ofende sua esposa em público, o que faz Rocky aceitar, contrariando Mickey, que conta que suas lutas têm sido arranjadas com caras fracos para ele manter o título. Balboa treina no meio de fãs, sem se concentrar nem levar a sério. A caminho do ringue, Mickey (que estava até morando com a família de Rocky) passa mal, o que desconcentra ainda mais o campeão. Ele é nocauteado e perde o título, e depois Mickey morre em seus braços.  Apolo então se oferece para treinar Rocky, que só consegue se animar depois de uma dura de sua esposa Adrian. Ele aprende a ginga dos pés, faz natação para desenvolver músculos inativos e, na luta final, usa a estratégia de se deixar bater para cansar o inimigo e depois o massacra. Como pagamento pelo treinamento, Apollo quer um titã-teima a sós com Balboa, no finalzinho do filme, numa cena legal que só mostra a trajetória do primeiro golpe da luta. Nesta 3ª parte da saga de Rocky, surge na trilha sonora Eye Of The Tiger, da banda Survivor, que virou clássico.


Lançado em 1985, Rocky IV é totalmente comercial e cheio de momentos musicais, com poucos diálogos e muitas imagens dos outros filmes. Esta 4ª parte apresentou Dolph Lundgren como Ivan Drago, um superatleta russo. Em plena guerra fria, os ânimos esquentaram com a tentativa de ingresso da União Soviética no boxe profissional. Rocky não estava interessado no desafio, mas Apollo, parado há 5 anos, queria lutar de novo e pediu o apoio de Balboa. Provocativo como sempre, teve até show de James Brown em sua apresentação, mas se deu mal, pois Drago acabou matando-o com seus golpes. Sentindo-se culpado por não jogar a toalha a tempo, Rocky entra encara o desafio de lutar com o russo em seu país, mesmo não tendo permissão do comitê de boxe profissional. Enquanto Ivan treina com alta tecnologia (e anabolizantes), Rocky treina de um jeito rústico, cortando lenha e correndo na neve, sempre com o apoio de Adrian, Paulie e o antigo treinador de Apollo. A luta, como sempre, apresenta muitos rounds com Rocky apanhando muito, mas resistindo. Drago chega a falar: Ele não é humano, é um pedaço de ferro”. Como sempre, um esforço sobre-humano dá a vitória a Balboa, que agradece ao público, que antes hostil, passou a gritar seu nome admirando sua força de vontade. E manda uma mensagem aos governos, dizendo que todos podem mudar. E quem lembra o robô ridículo que Rocky deu a Paulie no começo do filme? O filme, na minha opinião, é médio.
 Com o mesmo diretor do primeiro filme, Rocky V, de 1990, é o pior de todos. Falta ação, carisma, música e Rocky no ringue.  Voltando da União Soviética, Balboa anuncia a aposentadoria. Como sempre, aparece um empresário inescrupuloso desafiando o campeão para uma luta com um novato. Adrian descobre que Paulie deu uma procuração com poderes totais ao contador, que perdeu toda a fortuna da família. Rocky considera lutar, mas os médicos dizem que a luta com Drago deixou lesões cerebrais. Eles voltam à antiga casa de Adrian na Filadélfia. Rocky, agora dono do antigo ginásio de Mickey, é abordado por Tommy Gunn, boxeador novato que ganha a confiança de Balboa, que o treina (deixando de dar atenção ao filho, que está com problemas com valentões na escola. Mas o empresário que queria fazer Rocky lutar de novo seduz Tommy com dinheiro e mulheres. Tommy, sem Rocky ganha o título do atual campeão, mas todos desfazem dele, que provoca Rocky e acabam brigando na rua. Dizem que o ator que interpretou Tommy Gunn era boxeador e se contaminou com o vírus da AIDS através de contato com sangue de outro lutador, não sei se é lenda ou não. E o menino que interpreta Rocky Jr. é Sage Stallone, filho de Sylvester. É a 1ª vez na série que aparece o nome verdadeiro de Rocky – Robert. Ainda bem que pra fechar melhor a série Stallone resolveu fazer em 2006 o filme Rocky Balboa, que é cheio de boas lembranças dos outros filmes. É triste ver Rocky velho e viúvo de Adrian (a atriz havia perdido seu marido na vida real e não quis participar por causa das cenas de morte). No filme, Balboa tem um restaurante e vive de contar histórias de lutas aos clientes, até que um programa de televisão simula uma luta entre Balboa em sua antiga forma e o atual campeão, dando a vitória a Rocky. Incomodado, o campeão acaba aceitando o desafio, mas Rocky quer dar sentido a sua vida e novamente contrariando a todos, treina com o que tem a mão para resistir tudo que pode no ringue, e consegue. 



Novamente temos um filme coerente, mostrando a vitória do adversário por pontos, e mostra os desafios de Rocky para vencer as dificuldades impostas pela idade (atrite, etc), fazendo com que trabalhe o que tem de melhor, como força bruta. Os personagens clássicos da série estão lé e nossas lembranças da infância também. Há também um início de romance com Marie, que no 1º filme tinha 12 anos e andava com más companhias e Rocky deu-lhe uns conselhos. Por essas e outras é um filme que une as duas pontas da história para fechar um ciclo de sucesso, com elementos autobiográficos de Stallone, que depois lançou-se em Rambo IV e desapareceu até Os Mercenários!

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