22 de mai. de 2013

Sociologia 1 - Crucificados Pelo Sistema

      Segundo Émile Durkheim: "Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir, que todos seguem. Isso é estabelecido. Quando ele entrou no grupo, já existe tal norma e quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição."
       O modo de se vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, as religiões, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
Para Durkheim, os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele poder coercitivo.
      Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento a que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmo efeitos de uma coação propriamente dita. Aliás, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz.
        Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo fracasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado: mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me. Mesmo quando posso liberta-me  e desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma de suas forças, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las**.
 
       Todos os inovadores, mesmo os bem sucedidos, tiveram de lutar contra oposição desse tipo.

       Questões que interessam ao sociólogo:

      Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se casa e assume responsabilidades de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento? (Essa é boa!)
     As primeiras tentativas de estudo sobre a sociedade humana começaram com os filósofos gregos Platão, em seu livro República, e Aristóteles, com Política.
    Santo Agostinho, na sua obra A Cidade de Deus*, achava que os homens e sua cidade reinavam o pecado. Com o Renascimento, surgiram autores que trataram os fenômenos sociais num nível mais realista: Maquiavel (O Príncipe), Tomás Morrus, (Utopia) e Francis Bacon, em Nova Atlântida. Mais tarde, outras obras importantes deram grande contribuição às Ciências Sociais: O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã (esse já li, escrito em 1400 e pouco -  é muito bom e atual), e O Leviatã, de Tomás Hobbes. No século XIX - com Augusto Comte e principalmente Émile Durkheim e KarI Marx - a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente cientifico.


Erasmo de Roterdã

Fonte: "O que é Sociologia" - Autor: Carios B. Martins/Introdução à sociologia - Pérsio Santos de Oliveira

http://www.portalimpacto.com.b/docs/01EdilsonVestAula01IntroducaoaSociologia.pdf

Tava na hora de algum conteúdo neste espaço!

* referência que eu não sabia (de onde saiu o nome do filme).



**E eu que, inocente, escrevi isto no auge da adolescência, com 14 anos:



Revolta


Temos que ser como desenhos animados

Divertidos, coloridos até, com leves tons,

Pra não ferir os olhos

De quem ri de nossas desgraças.



Talvez sejamos idiotas completos

Por não querer admitir,

Ou então gênios incompreendidos

Confundidos com o que o sistema nos obriga a engolir.



O que se pede é uma miserável chance

De ser feliz e abdicar da podridão;

Porque nós fomos esculpidos como os outros,

Somos cegos que rumam ao fundo do abismo.



Complexo de inferioridade

Sem a chance de virar a mesa

Sofrimento, ironia decadente,

Psicologicamente revoltado.

Mesmo assim clamo às vezes:
 

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