Dando
continuidade a meus comentários e impressões sobre a discografia do Nightwish,
falo do segundo álbum da banda, Oceanborn.
Mistério e melancolia permeiam todas as canções. O título significa algo como
“Nascido(a) do Oceano”, e este termo aparece na terceira música, e é um tipo de
anticristo, talvez a Besta citada no capítulo Apocalipse, da Bíblia. O oceano é
um elemento recorrente nas letras de todos os discos, pois tem uma grande
importância para a Finlândia, país de origem dos integrantes.
Este disco tem uma influência maior
de bandas como o Stratovarius em sua sonoridade, principalmente na bateria
acelerada em várias músicas, mas ainda mantém suas características principais:
os vocais operísticos e o teclado abundante e com vários tipos de efeitos, do
piano à flauta. O compositor e poeta Tuomas (teclados) é bastante inspirado em
trilhas sonoras de filmes, para criar os “climas” das canções.
O disco abre com Stargazers (Observadores de estrelas),
abusando dos teclados na introdução e mantendo um aspecto sonoro de tragédia,
como cenas de ação num filme de suspense. A letra é um drama/ficção espacial
sobre a origem da vida. Em seguida uma de minhas músicas preferidas da banda, Gethsemane (é o nome do lugar onde
Cristo foi capturado pelos judeus) tem uma sonoridade bem dramática sem deixar
de lado o peso da guitarra, uma balada épica cuja letra mescla elementos
religiosos e românticos em versos belíssimos como este: “Sem você/A poesia
dentro de mim está morta”. Tem um vídeo no Youtube da banda tocando essa música
num programa de televisão, vale a pena conferir.

A próxima canção, Passion & The Opera (A Paixão e a
Ópera), tem uma levada romântica dos teclados sem ser uma balada típica, e fala
sobre sedução. Destaque para os vocais, os “gritinhos” de ópera que vão sumindo
aos poucos junto com a música. Em seguida vem uma música bem calma, Swanheart (Coração de Cisne), um bonito
poema falando de fé e encantamento nas pessoas.
Moondance
(Dança da Lua) é uma música instrumental com característica folclórica,
lembrando musiquinhas da Oktoberfest, com direito a paradinhas para palmas e o
típico “Hey Hey”, sem deixar nunca de lado o heavy metal, lógico. Tem partes
agitadas e outra mais calma. A oitava música, com ritmo mais pop, quase
“dançante”, The Riddler (algo como “O
Senhor das Charadas”) foi a primeira da banda que ouvi e que me chamou a
atenção principalmente para a voz de Tarja, vinha num CD que era uma coletânea
de metal daquelas de revistas de rock que o Janderson tinha (ainda tem, acho).
A letra fala de várias charadas, numa conversa com o desafiador do título.
Penúltima canção, The Pharaoh Sails To Orion (O Faráo navega
para Órion) começa com uma citação da Bíblia (Êxodo 10,28) e fala de deuses
egípcios e profecias de ascensão deles às estrelas. Vocais masculinos guturais
novamente revezando com Tarja, e na parte final, quando assume sozinha os
vocais operísticos, a música torna-se um épico sonoro, transbordando de energia
com solos de teclado e guitarra e a bateria rápida, num final emocionante. O
álbum finda com Walking In The Air (Caminhando no Ar), outra canção
romântica, que fica pesadinha no final, e cuja letra é também um belo poema
sobre o sentimento e a fantasia de flutuar como num sonho.
Simplesmente uma pérola do Metal Melódico este Oceanborn, e que felizmente ainda foi superado pela próxima obra a
ser comentada aqui, no próximo capítulo.
Capa alternativa, que eu tenho: