Podem
pensar que é coisa de gordo, que assalta a geladeira na madrugada, mas não é
isso, pretendo falar sobre a banda finlandesa Nightwish, cujo nome significa justamente isto que usei como título
(menos a PARTE I, claro). Comentarei a discografia desta banda que tem
influência em seus compatriotas do Stratovarius
e Sonata Arctica, e noutras bandas
como Angra e Sepultura, do Brasil.
O Nightwish surgiu em 1997 como um
projeto acústico de Tuomas Holopainen, integrante de outra banda pesadíssima - Darkwoood My Betrothed. Para conseguir uma sonoridade original, ele chamou uma
colega que estudava canto lírico, Tarja Turunen. Fizeram belas canções em
finlandês (que língua desgraçada!) e outras em inglês, gravaram e conseguiram
contrato para um disco, colocando então a guitarra de Emppu Vuorinen e bateria
de Jukka Nevalainen no clássico Angels Fall First. No
baixo a banda contava com Sami Vänskä.
As letras com poesia gótica e os
teclados quase religiosos, aliados à uma batida forte e bem trabalhada da
bateria e à magnífica voz operística da vocalista deram uma
sonoridade bem original ao metal melódico que permeia o disco. Saíram duas
versões, a segunda com mais músicas, inclusive algumas instrumentais e outras
em finlandês. O Inglês de Tarja ainda era fraquinho.
O disco abre com Elvenpath, bem agitada e falando de
elfos e criaturas de contos de fadas. Depois temos, ainda dentro desta
temática, Beauty And The Beast (A
Bela e a Fera), com uma grande introdução e a letra é um diálogo entre os dois
personagens. Em certa altura a Bela diz para a Fera uma frase tudo a ver quando
analisamos a mentalidade de muitas mulheres: “Perdoe-me, eu preciso de mais do que você pode me oferecer!”.
Interesseira, não?
A terceira canção é The Carpenter (O Carpinteiro), bem calma
e infelizmente a voz masculina (do Tuomas) desta canção deixa a
desejar. A letra é religiosa, o carpinteiro em questão é Jesus. Única música do
disco a ganhar videoclipe, com Tarja bem estranha, bochechuda e com visual de
bruxa. Astral Romance vem em seguida,
com vocais dobrados de Tarja falando de amor e de constelações, com uma
sonoridade romântica e misteriosa, marcada pelos teclados.
A canção título do álbum, Angels Fall First é do projeto acústico
do início da banda e mantém essa característica, tendo apenas voz, violões e
flauta (ou teclado), com a letra falando de crianças mortas prematuramente e um
sentimento mórbido de se consolar sabendo que elas viram anjos (as crianças são
os anjos que “caem” primeiro, como diz o título, algo como “os bons morrem
antes” em português). Tutankhamen
fala do faraó Tatankâmon e uma mulher devota que, durante a expedição que
descobre seu sarcófago, quer revivê-lo para desposá-lo. Tem teclados simulando
um clima egípcio. Uma das mais fracas do disco, na MINHA opinião, mas longe de ser ruim.
Uma de minhas preferidas neste
álbum, Nymphomaniac Fantasia (depois
me chamam de tarado) tem uma letra levemente erótica, com um eu-lírico feminino
pedindo chumbo (hehe, análise literária animal), os teclados são o destaque,
criando um clima de drama, paixão e mistério. Sabe por que o rouxinol canta?
Essa é a tradução do nome da mais pesada e rápida do disco, Know Why The Nightingale Sings, falando
poeticamente sobre liberdade e a alegria de estar vivo, uma descoberta da
natureza e de sentimentos bons.
Lappi
(Lapland), que significa “Terra dos Lapões”, são quatro músicas
interligadas numa só: Erämaajärvi
(acústica, em finlandês), algo como “Lago Selvagem”, Witchdrums (instrumental), This
Moment Is Eternity e Etiäinen
(instrumental também), cujo significado não faço ideia. A terceira parte é
a mais chata, muito longa.
A versão que eu tenho conta ainda
com duas músicas, Once Upon A Troubador
(Era Uma Vez Um Trovador), uma canção sobre um menestrel errante
galanteando uma taberneira ignorada pelos clientes (trovando uma mucra, hehe).
Tem ritmo bem folclórico, com instrumentos de corda diferentes e o teclado com
som de cravo (infelizmente mais uma vez a voz masculina – de Tuomas? – é muito
atonal). Por último, A Return To The Sea
(Um Retorno Ao Mar), também entediante, falando sobre o ciclo da natureza no
futuro da humanidade e citando até espécies animais aquáticas microscópicas de
onde a vida na Terra se originou e para onde irá.
Enfim, um disco muito bom, com mais
qualidades do que defeitos, que tinha uma sonoridade que infelizmente se perdeu
ao longo da discografia. Evoluíram, sim, mas algo se perdeu no caminho. Assim
como a banda brasileira Raimundos, que iniciou mesclando forró com hardcore, o
Nightwish começou mesclando a cultura de seu país de origem com o heavy, o
que deu ótimos resultados e alavancou o nome da banda rumo ao estrelato.
P.S.: Quanto ao nome da vocalista, pronuncia-se "Tária", já o batera, o som do J deve ser pronunciado como i, ou seja: Iukka.
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