A
primeira vez que ouvi falar de Bob
Dylan foi ao saber que era dele originalmente o sucesso Knockin’ On Heavens Door, que o
Guns N’ Roses transformou em hit nos anos 90. Não posso dizer que conheço muito
de sua história ou obra, quero ver ainda o filme Não Estou Lá, que conta
algumas histórias verídicas e lendas do artista.
Mas
deixem-me falar de um disco em particular e minha história com ele.
Fazia
eu vestibular em 1998 para engenharia química em Rio Grande. As provas eram
pela manhã em 3 dias diferentes, eu estava ficando no kitnete onde
minha tia Luiza morava e todas as tardes, antes de sair para recorrer bancas
atrás de gibis raros, eu ouvia as fitas K7 dela num sonzinho minúsculo,
que eram umas 4 ou 5. A única que me agradava era do Bob Dylan, Desire. Era de um
ex-namorado que acabou deixanbdo na casa dela. Não era bem rock, com exceção da
primeira faixa, parecia um country/folk bem de raiz, uma música quase
“sertaneja”. Eu ouvia e ouvia e ouvia sem parar de virar os lados A e B. Mas a
primeira era a melhor, mais trabalhada e agitada.
Alguns anos
depois, já estudando Letras na Furg, acredito que em 2000, chego em casa da
aula e vejo o Maicom “Alemão” Lettninn e Janderson “Pandolfo” Oliveira, com
quem morava, empolgados com uma música que acabara de tocar na rádio Atlântida:
“Ba, tinhas de ouvir, Cássius, que sonzeira tava tocando!” – algo assim.
Disseram que era do Bob Dylan e que tinha violinos, bem comprida, mas não
lembravam o nome. Eu remexi os miolos, lembrando da fita da minha tia e
tasquei: “Não era Hurricane?”
– “Isso!”, disseram os guris. Contei da fita e eles pediram na hora pra eu
conseguir emprestada. Ouvimos várias vezes, e eles gostaram das outras também.
Tempos
depois ouvi sobre o filme “Hurricane
– O Furacão” com Denzel Washington, algum dos guris disse que a
música tocou durante o filme. Lembrei de pedaços da letra e associei com o
assunto filme, sobre boxe.
O filme conta a história real de um boxeador negro (Rubin
Carter) condenado injustamente e que passou décadas preso até provarem sua inocência.
Bob Dylan fez a música de protesto contra o racismo, pois a condenação foi
feita sem muitas provas. A letra conta sua história até ser preso. O filme
mostra um flash do cantor executando a canção.
O Goia me contou
certa vez uma “lenda”: Bob Dylan e Mick Jagger discutiam e Bob arrasou ao dizer
algo como: “Eu poderia ter composto uma Satisfaction, quero ver vocês fazerem uma Hurricane!”
Nota-se na sonoridade, que mesmo na época do lançamento
(1976), o disco ( e seu sucesso) se sustentava na qualidade do artista e sua
liberdade de criação (e ideológica), agradando a quem agradar, sem apelo
comercial.
Comprei o cd Desire por R$ 10,00 em Pelotas há alguns anos. O que
falar das outras músicas? São calmas, relaxantes, longas, são apenas 9 ao todo.
Sara (em
homenagem a sua esposa),
Black Diamond Bay, One More Cup Of Coffe, Isis, Oh Sister, Romance In Durango (Fagner
gravou como “Romance no Deserto” - nunca ouvi), Mozambique, Joey (que ganhou uma versão em português
– Joquim, de Vitor Ramil) tem banjos, violões, gaita, violinos, a voz aguda e o
sotaque forte do cantor. Parece uma triste trilha sonora e romântica de um
filme antigo de mocinhos e índios que assistíamos aos domingos com nossos pais,
em algum recôndito saudoso da infância, sem muita preocupação, nem pretensão de
levar esta maldita vida agitada de hoje em dia.
E tenho dito! (hehehe)