9 de jun. de 2013

Mãe Aos Cinco Anos



      Nunca esqueci aquela reportagem. Estava na biblioteca da FURG olhando o jornal Zero Hora quando me deparei com o título: Mãe aos cinco anos.

      Sim, falava de Lina Medina,

peruana que vivia numa comunidade indígena no final da década de 30. Após a barriga ficar protuberante e o pajé não conseguir curá-la dos “maus espíritos”, ela foi levada à cidade onde exames revelaram a gravidez. Seu útero já estava formado com pouca idade e foi revelado que nos primeiros meses já menstruava. O pai foi preso por suspeita de estupro, mas foi solto por falta de provas. A menina vivia com mais 8 irmãos.

 


       Ficou sob cuidados médicos até o parto e os 11 meses seguintes. Um pessoal de Nova Iorque quis levá-la para os EUA e expô-la numa feira, prometendo cuidar dela e do filho o resto da vida. O governo do Peru não deixou, dizendo que eles mesmos garantiriam esses cuidados. Pena que era mentira, a família nunca recebeu nada. O filho morreu aos 42 anos, viveu normalmente. Lina casou-se e teve outro filho. É pobre e vive numa região violenta. Nunca revelou o que aconteceu e não gosta de falar do assunto nem de dar entrevistas.

        Fiquei estarrecido, tirei xerox e mostrei pras minhas colegas que achavam que tinham sido mães muito cedo. Um colega que fazia medicina mostrou a seus professores e não me devolveu o papel. Mas nunca esqueci. Muito bizarro.

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