Nunca esqueci aquela reportagem. Estava na
biblioteca da FURG olhando o jornal Zero Hora quando me deparei com o título:
Mãe aos cinco anos.
Sim, falava
de Lina Medina,
peruana que vivia numa comunidade indígena no final da década
de 30. Após a barriga ficar protuberante e o pajé não conseguir curá-la dos
“maus espíritos”, ela foi levada à cidade onde exames revelaram a gravidez. Seu
útero já estava formado com pouca idade e foi revelado que nos primeiros meses
já menstruava. O pai foi preso por suspeita de estupro, mas foi solto por falta
de provas. A menina vivia com mais 8 irmãos.
Ficou
sob cuidados médicos até o parto e os 11 meses seguintes. Um pessoal de Nova
Iorque quis levá-la para os EUA e expô-la numa feira, prometendo cuidar dela e
do filho o resto da vida. O governo do Peru não deixou, dizendo que eles mesmos
garantiriam esses cuidados. Pena que era mentira, a família nunca recebeu nada.
O filho morreu aos 42 anos, viveu normalmente. Lina casou-se e teve outro
filho. É pobre e vive numa região violenta. Nunca revelou o que aconteceu e não
gosta de falar do assunto nem de dar entrevistas.
Fiquei estarrecido, tirei xerox e
mostrei pras minhas colegas que achavam que tinham sido mães muito cedo. Um colega
que fazia medicina mostrou a seus professores e não me devolveu o papel. Mas
nunca esqueci. Muito bizarro.
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