Comentando a discografia/videografia da banda finlandesa Nightwish:
O DVD Nightwish – End Of Innocence
foi lançado em 2003.
Este item traz algumas apresentações ao vivo em dois
festivais. Um com ótima imagem e áudio, embora sem muita produção, o outro com
áudio baixo mas um jogo de luzes muito bom. Vale pelas canções 10th Man Down, Dead To The World e uma versão
de uma música que se não me engano é da banda W.A.S.P., Wild Child, cantada pelo
baixista Marco Hietala.
E claro que Tarja está muito bonita também em ambos os
shows, embora em um, quando ela tira sua echarpe, sobrecapa, sei lá, fique um
pouco estranha em roupas de couro com duas tiras nos ombros, mas desde quando
eu entendo de moda?
Pena que nas duas seleções ao vivo algumas músicas se
repetem. Poderiam ter escolhido melhor os momentos ao vivo. Tem também fotos e
dois videoclipes (Over The Hills And Far Away e End OF All Hope).
Mas a tração principal deste DVD
é a entrevista com Tuomas Holopainen, num recanto seu na Finlândia, basicamente
um chalé numa ilhazinha dentro de um lago. A entrevista é em finlandês e com legendas
em inglês, e ele conta as origens do Nightwish, comenta suas antigas bandas,
bebedeiras, sua inspiração de álbuns anteriores, o peso do sucesso, sua depressão, bebedeiras, e a pressão
com o trabalho, e ainda algumas de suas depressões e bebedeiras. Faz chacota com sua própria
poesia e com músicas e clipes antigos, além de comentar cada turnê. Acompanham
ele o baterista Jukka e o “gordo” que cantava trechos de músicas com Tarja,
Tapio Wilska.
Tuomas revela ser um cara que sofre por sua própria condição de ser oriundo de
um país frio, e estou falando de toda uma carga cultural de falta de tato entre
as pessoas. Como disse meu amigo Janderson uma vez citando um professor da faculdade de Geografia: porque no
Brasil as pessoas não leem mais? Por que não temos mais cultura (literariamente
falando)? É que com nosso clima, quem vai deixar de ir para a praia ou
namorar pra ficar lendo? Isso é característica de países frios! Nosso povo é
mais caloroso, por isso os estrangeiros percebem que nós somos mais carinhosos
e expressivos. Nós abraçamos e beijamos mais nosso filhos, amigos e parentes,
temos a libido à flor da pele, somos mais desenvolvidos sentimentalmente.
Um
cara que vive num país quase polar, como Tuomas, acaba tendo problemas para
desenvolver esse lado humano, caso já tenha uma tendência a ser tímido. Mas é
graças a essa infelicidade dele que nasceram muitas poesias e músicas boas no
Nightwish. Poeta bom é aquele que sofre, disse minha colega Michela Espíndola certa vez. Meu amigo de alcunha Rato (Rodrigo Barbosa) concorda comigo pelo que já pude deduzir. O lirismo e a melancolia
romântica que nascem de um ser que sofre apaixonadamente, perdido em delírios e
hipérboles advindas da alteração química das conexões neurais causada pela
presença do ser amado (e seus malditos feromônios), quando bem elaborada, bem
colocados no papel (ou numa bela voz, ou digitado na tela do pc), não tem
comparação com o estado poético de registros escritos sobre outros temas como o
amor à pátria, a vida no campo ou o raio que o parta, mas isso é a minha
opinião!
Lá na época do lançamento de Century Child, ele revela ter
passado uma barra, por isso suas letras nunca foram tão tristes e, como sempre,
tudo por causa de uma mulher. Analisando os fatos da época, minha teoria a ser
revelada (este texto já é antigo - minha hipótese já foi confirmada há anos) ganha força. Durante a entrevista aparecem várias
cenas de bastidores de shows, muitas delas no Bar Opinião, em Porto Alegre.
E vejam algumas coletâneas lançadas até então: Tales From The Elvenpath,
de 2004, cuja capa é formada por elementos presentes nas músicas, e Bestwishes,
de 2005.
A primeira contava com 3 músicas inéditas, nunca lançadas. Entre elas, minha
preferida e a melhor da banda: Nightquest – com letra de
aventura e ritmo empolgante numa bela melodia com peso e lirismo – rá! As
outras são Lagoon (bem lenta e curta) e The Wayfarer
(bem ao contrário e muito boa).
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